sábado, 4 de julho de 2015

Antes de embarcar, um breve flashback

Meu vôo estava prestes a sair, pelas minhas contas, eu tinha aproximadamente 4 horas para pegar o táxi, chegar ao aeroporto, fazer o check-in, e embarcar com 20 minutos de folga.
Eu tinha que ir, este era o cronograma que eu havia feito na minha cabeça, meu cérebro mentalizava minha ida, minha vida seguindo... Já meu coração, bom, este não queria acordo, não queria papo, queria apenas ficar ali exatamente onde eu estava, quebrado e doendo, mas em pé, resistindo até o fim. Fim... Esta era a palavra que me fazia partir.
Meu coração queria ficar até o fim, mas ele não entendia que o fim da minha vida não era aquele. Embora ele quisesse que fosse, eu sabia tinha muita coisa para por em prática ainda, coisas mais conhecidas como "sonhos". E eu sei, que meu coração não era diferente dos outros corações, não sou especial! Ele assim como os demais, quando gostam de alguém ou de algo, acham que devem permanecer tentando fazer o que  foi colocado dentro deles funcionar.
Entretanto, meu cérebro entendeu que a sua função era controlar meu coração, e redireciona-lo a uma nova perspectiva.
Meu coração, com a minha permissão, deixou entrar dentro dele alguém que me fez chegar prestes a perder meus amigos, amigos que nunca me disseram não, que apesar dos pesares me colocavam acima de suas prioridades para me ouvir reclamar, como se já não tivessem problemas o bastante com a própria vida.
Deixou que meu dia a dia fosse afetado, meus sonhos fossem colocados dentro de uma caixa com uma etiqueta dizendo "na fila de espera". Mudei meu comportamento em casa, com a minha família, que desde o dia em que nasci, sonha por mim, motiva meus estudos, meus lazeres, com o objetivo de me ver tendo sucesso fazendo o que eu gosto de fazer. E principalmente,  de me ver sendo feliz.
Meu coração acreditava que por algum motivo, aquela pessoa, depois de tantos obstáculos, problemas, descasos, iria tornar minha vida melhor, mais completa, e merecia que todos e tudo fossem colocados de lado.
Não importava como, ou  o que eu iria deixar para trás, e até mesmo perder. O foco era ganhar, era fazer funcionar o que eu queria cegamente: Que funcionasse.
Coloquei em primeiro lugar a pessoa que agora ocupava além do meu coração, a minha cabeça e a minha vida.
De repente acordei e nada mais era como era antes de eu dormir.
Lutei tanto para ser alguém melhor, colocar meus defeitos de lado, e mesmo assim não consegui ser boa o suficiente para que aquela pessoa que eu tanto amei resolvesse ficar.
Todos os dias, após o dia em que chegamos ao fim, era como se um buraco ocupasse a "linha da minha vida" e eu não conseguisse sair dele e continuar andando sobre ela.
Eu lutava para sair de la, eu tive pena de mim mesma várias vezes, me peguei chorando arrependida por todos os dias que maltratei quem me amava quando eu não merecia ser amada.
Antes de dormir, eu ficava pensando sobre tudo que havia vivido até aquele momento, tentando encontrar onde estava o erro, de que forma e quando eu deveria ter agido diferente?
A resposta veio tempo depois, muito tempo depois.
Ela não aparece do dia pra noite, ou da noite pro dia assim como foi o tal do "fim". 
Ela vem com o tempo, ela faz você tentar entender o que errou, quando na verdade o erro esta bem na sua frente...
É o tal do amor-próprio que todo mundo acha que tem, mas basta um estalar de dedos, para perdermos.
Amor-próprio é valorizar seus sonhos e quem acredita neles, e valorizar os deles de volta.
É ser família de quem sabe ser família com a gente.
É se importar com quem se importa todos os dias com você, e não deixa-los por alguém que "supostamente" se importa.
É ter uma noite de sono, com a certeza de que não importa o dia de amanhã, se algo chegar ao fim, você não terá do que se arrepender.
É ser presente e dar seu máximo no que acredita que vale a pena, mas não dar seu tudo.
O que, no caso, são coisas completamente diferentes.
Seu tudo resume em quem você é desde de o dia em que nasceu até o dia de hoje. Seu máximo é seu limite, tudo que você pode ser de bom, até mesmo quando esta mal, é ser uma pessoa compreensiva até mesmo quando esta com raiva, é estender a mão mesmo quando a pessoa não precisa, não pede.
Eu, resumidamente, levei tempo para entender que errei em mil e um pontos e aspectos, mas agradeço que cedo ou tarde consegui compreender.
E hoje, sei que se meu coração deixar, novamente, alguém entrar dentro dele, minha cabeça estará pronta para cuidar de tudo que estarei prestes a enfrentar.
Então, terminei de arrumar as malas, e embarquei.
Dentro do avião, cada paisagem que eu avistava la de cima, me fazia enxergar...
Que visto de perto, os problemas parecem tão grande, vendo de cima, eles eram na verdade minúsculos, e no fim, é tudo uma questão de escolha o ângulo que enxergamos. Quando temos uma vida grande, estamos acima de nossos problemas, e estes, se tornam minúsculos. Esta foi a escolha que fiz... 
















Nenhum comentário:

Postar um comentário